O princípio da Agricultura Natural tem de ser explicado através da ciência do espírito, pois é impossível fazê-lo através do pensamento que norteia a ciência da matéria. No início, talvez seja muito difícil compreender este princípio, todavia à medida que o lermos várias vezes e o saborearmos bem, fatalmente a dificuldade irá diminuindo. Caso isso não acontece, deve-se ao facto de a pessoa estar demasiado presa às superstições da Ciência.
O método agrícola utilizado actualmente consiste na fusão do método primitivo com o método científico. Julga-se que houve um grande progresso, porém os resultados mostram exactamente o contrário.
É inegável o valor da Ciência em relação a muitos aspectos, entretanto no que se refere à agricultura, esta encontra-se muito equivocada, pois considera bom o método criado pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isto acontece porque ainda se desconhece a natureza do solo e dos adubos. Ao longo dos anos, o governo, os grandes agricultores e os cientistas vêm a desenvolver um grande esforço conjunto, mas não se vê nenhum progresso ou melhoria. Diante uma fraca produtividade pode-se dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza, sem oferecer nenhuma resistência. A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao solo.
Até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos eram o alimento das plantações. Com essa atitude, cometeram um espantoso engano. O resultado tornou o solo mais ácido, perdendo o seu vigor original.
Para explicar a natureza do solo, este terá de empregar o “bisturi” da ciência espiritual. Basta semear a terra que a semente germinará, e o caule, as folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas. Assim, o solo que produz alimentos é um maravilhoso técnico ao qual deveríamos dar grande preferência. Obviamente, como se trata do Poder da Natureza, a Ciência deveria pesquisá-lo. Entretanto, ela cometeu um grande erro: confiou no poder humano.
O Poder da Natureza é a incógnita surgida da fusão do Sol, da Lua e da Terra, uma massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor, infiltrando-se pela crosta terrestre, preenche o espaço até a estratosfera.
Nessa essência também existem duas partes: a espiritual e a material. A parte material é conhecida pela Ciência com o nome de nitrogénio, mas a parte espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanada do Sol é o elemento fogo, que também possui um parte espiritual e uma parte material, esta última é a luz e o calor, mas aquela também ainda não foi detectada pela Ciência. A essência emanada da Lua é o elemento água, e a sua parte material é constituída por todas as formas em que a água se apresenta, quanto à parte espiritual também ainda não foi descoberta.
O produto da união desses três elementos espirituais, ainda não detectados, constitui a incógnita X através da qual todas as coisas existentes no universo nascem e crescem. Essa incógnita é semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as coisas. Consequentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a esse poder. Por isso, podemos dizer que ele é o fertilizante infinito. Reconhecendo esta verdade, amando e respeitando o solo, a sua capacidade fortalece espantosamente.
Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas também existe outro factor importante. O homem, até agora, pensava que a vontade-pensamento, assim como a razão e o sentimento limitavam-se aos seres animados. Entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos. Obviamente, como o solo e as plantações encontram-se neste caso, respeitando e amando o solo, a sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tal, o mais importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda mais puro. Com isso, ele ficará alegre, e logicamente se tornará mais activo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres animados é mais livre e imóvel, ao passo que o solo e as plantas não têm liberdade nem movimento. Assim, se pedirmos uma farta colheita com sentimento de gratidão, o nosso sentimento se transmitirá ao solo, que não deixará de nos corresponder.
Por desconhecimento desse princípio, a Ciência cometeu uma grande falha, considerando que tudo que é invisível e impalpável não existe.